"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Cena de Cinema # 295 - O Rei Leão

(O Rei Leão - 1994) +

Todos Contra Todos, de Leandro Karnal

Todos Contra Todos
(O Ódio Nosso de Cada Dia)

Leandro Karnal 

Editora LeYa – 143 páginas - 2017

(...) Todos Contra Todos escancara a polêmica das palavras que ferem, a natureza das reações raivosas dirigidas ao outro e o porquê de escondermos de nós mesmos a adesão às pequenas e grandes maldades do dia a dia. Com a marca da fala fácil e envolvente que o transformou no historiador mais pop do Brasil, Karnal não só disseca a natureza do ódio, da violência e do preconceito brasileiro, como explora as origens de um sentimento universal que negamos e odiamos sentir. [texto da contra capa]

Neste livro o professor e historiador Leandro Karnal, joga por terra o mito de que o povo brasileiro é um ser pacífico e amável. Neste livro instigante e provocativo, Karnal nos afirma que o ódio está inserido na sociedade brasileira de várias formas. O autor analisa a violência no Brasil, à época das revoltas regionais, como a Cabanada, Balaiada, Farroupilha, etc, passando pela escravidão, pela violência racial e social, violência no trânsito, doméstica, a intolerância política dos ‘coxinhas’ contra os ‘petralhas’ e ao torcer pelo nosso time, até a violência difamatória, homofóbica, racista, misógina e preconceituosa nas redes sociais. Algum destes gestos de ódio gera e institui a violência real. O brasileiro é violento no dia a dia, mas não assume ou admite que isso é um fato verdadeiro. Somos cercados de ódio por todos os lados. Mas como disse Raul Seixas: "O ódio não é real, é ausência de amor."

“Todos contra Todos – O Ódio Nosso de Cada Dia”, revela um lado escuro do brasileiro. Uma excelente reflexão histórica e social sobre o ódio que gera a violência ou vice-versa, de vários tipos no Brasil.

Excelente livro, bem escrito e fundamentado, com o estilo Karnal sarcástico de ser. Recomendo.

Trechos:
-“ Somos um país violento. Violentos ao dirigir, violentos nas ruas, violentos nos comentários e fofocas, violentos ao torcer por nosso time, violentos ao votar.” - p. 10

-“O ódio é gêmeo do medo, e pessoas com medo cedem fácil sua liberdade de pensamento e ação.” – p. 12

-“É manchete de jornal a violência que atinge grupos de elite, mas nunca aquela que atinge grupos sociais específicos, como negros, pobres, homossexuais e transexuais. Nossa violência é estrutural. Não é diferente da violência humana, mas é aumentada pela injustiça social, pelas relações raciais e pela própria violência política.” – p. 22

-“E convém lembrar que o ódio é sempre uma resposta ao medo, à insegurança e à ignorância. Como não sei lidar com essas três forças, acabo manifestando o ódio. O ódio é sempre filho do medo, o ódio é sempre filho de uma mudança de situação. O ódio aumenta em período de crise, quando há mais medo.” – p. 42

-“ ...a história do Brasil é uma história de violência, ao contrário do que nos ensinaram na escola. Somos um país com um histórico de estupros, linchamentos e ataques variados. Somos um país que vive um clima social de guerra civil, mas assim como os livros de história jamais trataram nossas guerras civis como tais, hoje poucos reconhecem que vivemos sob guerra civil.” – p. 46

-“ A violência contra a mulher é histórica e cultural e deve aumentar à medida que a consciência feminina trouxer essa questão cada vez mais à tona para debate. Ela deve aumentar exatamente porque as mulheres, com toda razão e muita dignidade, estão enterrando um período histórico de aceitação da violência, estão enterrando séculos de tolerância ao assédio, séculos de ocultação da violência doméstica. Nós temos dias muito promissores pela frente. Mas temos também violência.
Os homens têm muito medo das mulheres. Violência, estupro e assédio fazem parte de um compromisso do homem para matar esse medo. O ataque a homossexuais e a mulheres, realizado dominantemente por homens, é um sinal de que hoje o grupo mais assustado da sociedade são os homens. Porque o espaço tradicional da identidade do homem está sendo fechado.” – p. 52

- “Personalidades negociadoras e pacifistas são menos sedutoras do que as violentas e odiosas. É o ódio, e não o amor, que de fato nos seduz e nos deleita.” – p. 75

-“ O último cristão morreu na cruz. Ou seja, Jesus foi o primeiro e último cristão.”
NIETZSCHE, citado na p. 82

-“ O adulto é filho da criança.”
ROUSSEAU, citado na p. 84

-“ A internet não produziu os idiotas, mas os idiotas puderam constituir um bloco expressivo com a internet. Eles entenderam que o seu medo não era só deles, e que sua ideia equivocada sobre as mulheres, sobres os judeus ou sobre os gays era compartilhada por mais pessoas. Isso lhes deu uma segurança.” – p. 108

-“ Tácito, na Roma clássica, dizia que os homens se apressam mais a retribuir um dano do que retribuir um benefício. A gratidão é um peso, a vingança é um prazer. Na nossa hipocrisia contemporânea, devemos ser felizes a qualquer custo, enquanto sentimos rejeição à tristeza e à melancolia.” – p. 111

-“ O lado bom da crise brasileira é que, de fato, trouxe à tona a política como exercício de poder. Sabemos que nenhum dos lados envolvidos no debate está lá pelo benefício de todos, mas pelo benefício de seu interesse. Estamos clamando que a política seja o que nunca foi, um exercício administrativo do bem. Que a política deixe de ser cordial e passe a ser mais técnica. Que o administrador político seja menos ideológico, e que a sua ideologia seja a ideologia do coletivo. Que políticos não representem interesse muito imediato, partidário, familiar ou de grupo. Que deixe essa carga de subjetividade e entre numa carga de objetividade. Então, em parte, todo esse debate é sobre uma tentativa de criar o que não existe: que é a política coletiva, do bem comum, administradora da maioria, um projeto de Estado, e não um projeto de governo. Esse é um desejo coletivo neste momento.” – p. 123

-“Não acredito, portanto, em candidatos que encarnem a redenção nacional. Não acredito em messias, nem salvadores da pátria. Não acredito em seres impolutos. Não acredito porque o problema não é a ética da Presidência da República, ainda que ela tenha influência. Períodos em que o presidente da República foi notavelmente ético não melhoraram o comportamento da sociedade.” – p. 132

-“ Para quebrar a cadeia do ódio, a primeira tarefa é parar de ensinar ódio às crianças. Ter cuidado extremo com aquilo que se fala, porque as crianças incorporam esse discurso, por causa da autoridade e do afeto. Interromper esse fluxo de ódio exige interromper a educação do ódio. Requer que professores e pais parem de expressar constantemente ódio, mas expressem no seu lugar críticas racionais capazes de serem debatidas. Afinal, o ódio não admite que o outro refute. O ódio é passional. Se você redarguir, aumento o meu entusiasmo em defesa ou parto para agressão. Então, para que interrompamos o fluxo de ódio, é preciso interromper o fluxo de ataque irracional.” – p. 136

O Autor:
Leandro Karnal é historiador, doutor em História Social pela USP e professor na UNICAMP. Participa frequentemente de programas como o Jornal da Cultura e Café Filosófico. Escreveu em autoria ou co-autoria mais de dez livros, alguns dos quais estão entre os mais vendidos do Brasil, como “Todos contra todos” ; “Felicidade ou Morte”; “Pecar e Perdoar”; “Detração – breve ensaio sobre o maldizer”; “História dos Estados Unidos “ e “Conversas com um jovem professor”. É membro do conselho editorial de muitas revistas científicas do país. É colunista fixo do jornal Estadão e tem participações diárias nas rádios e canais de TV do grupo Bandeirantes. Seus vídeos e frases circulam pela internet com grande popularidade.

Fica a Dica !

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Frase da Vez

"A inquietude é a verdadeira
 atitude diante da vida."
 
Soren Kierkegaard
(5 de maio de 1813 - 11 de novembro de 1855) 
Foi um filósofo dinamarquês, teólogo, poeta, crítico social, 
e autor religioso que é amplamente considerado 
o primeiro filósofo existencialista

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Flamengo é o Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2018

Um Idoso na Fila do Detran, por Zuenir Ventura

Um Idoso na Fila do Detran
Zuenir Ventura

“O senhor aqui é idoso”, gritava a senhora para o guarda, no meio da confusão na porta do Detran da Avenida Presidente Vargas, apontando com o dedo o tal “senhor”. Como ninguém protestasse, o policial abriu o caminho para que o velhinho enfim passasse à frente de todo mundo para buscar a sua carteira.

Olhei em volta e procurei com os olhos 0 velhinho, mas nada. De repente, percebi que o “idoso” que a dama solidária queria proteger do empurra-empurra não era outro senão eu.

Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha me acostumado a vários e traumáticos ritos de passagem para a maturidade: dos 40, quando em crise se entra pela primeira vez nos “entra”; dos 50, quando, deprimido, salte que jamais vai se fazer outros 50 (a gente acha que pode chegar aos 80, mas aos 100?); e dos 60, quando um eufemismo diz que a gente entrou na “terceira idade”. Nunca passou pela minha cabeça que houvesse uma outra passagem, um outro marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de “idoso”, ainda mais numa fila do Detran.

Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo foi de lhe dizer: “idoso é o senhor seu pai. O que mais irritava era a ausência total de hesitação ou dúvida. Como é que ela tinha tanta certeza? Que ousadia! Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se nem pediu pra ver minha identidade? E 0 guarda paspalhão, por que não criou um caso, exigindo prova e documentos? Será que era tão evidente assim? Como além de idoso eu era um recém-operado, acabei aceitando ser colocado pela porta adentro. Mas confesso que furei a fila sonhando com a massa gritando, revoltada: “esse coroa tá furando a fila! Ele não é idoso! Manda ele lá pro fim!” Mas que nada, nem um pio.

O silêncio de aprovação aumentava o sentimento de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima — do tempo. Me lembrei da manhã em que acordei fazendo 60 anos: “Isso é uma sacanagem comigo”, me disse, “eu não mereço.” Há poucos dias, ao revelar minha idade, uma jovem universitária reagira assim: “Mas ninguém lhe dá isso.” Respondi que, em matéria de idade, o triste é que ninguém precisa dar para você ter. De qualquer maneira, era um gentil consolo da linda jovem. Ali na porta do Detran, nem isso, nenhuma alma caridosa para me “dar” um pouco menos.

Subi e a mocinha da mesa de informações apontou para os balcões 15 e 16, onde havia um cartaz avisando: “Gestantes, deficientes físicos e pessoas idosas.” Hesitei um pouco e ela, já impaciente, perguntou: “O senhor não tem mais de 65 anos? Não é idoso?”

— Não, sou gestante — tive vontade de responder, mas percebi que não carregava nenhum sinal aparente de que tinha amamentado ou estava prestes a amamentar alguém. Saí resmungando: “não tenho mais, tenho só 65 anos.”

O ridículo, a partir de uma certa idade, é como você fica avaro em matéria de tempo: briga por causa de um mês, de um dia. “Você nasceu no dia 14, eu sou do dia 15”, já ouvi essa discussão.

Enquanto espero ser chamado, vou tentando me lembrar quem me faz companhia nesse triste transe. Ai, se não me falha a memória — e essa é a segunda coisa que mais falha nessa idade —, me lembro que Fernando Henrique, Maluf e Chico Anysio estariam sentados ali comigo. Por associação de idéias, ou de idades, vou recordando também que só no jornalismo, entre companheiros de geração, há um respeitável time dos que não entram mais em fila do Detran, ou estão quase não entrando: Ziraldo, Dines, Gullar, Evandro Carlos, Milton Coelho, Janio de Freitas (Lemos, Cony, Barreto, Armando e Figueiró já andam de graça em ônibus há um bom tempo). Sei que devo estar cometendo injustiça com um ou com outro — de ano, meses ou dias —, e eles vão ficar bravos. Mas não perdem por esperar: é questão de tempo.

Ah, sim, onde é que eu estava mesmo? “No Detran”, diz uma voz. Ah, sim. “E o atendimento?” Ah, sim, está mais civilizado, há mais ordem e limpeza. Mas mesmo sem entrar em fila passa-se um dia para renovar a carteira. Pelo menos alguma coisa se renova nessa idade.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

11 Caricaturas de Escritores Estrangeiros I

Edgar Allan Poe

Honoré de Balzac

José Saramago


Fiodor Dostoievski (

Gabriel Garcia Marquez (

J.R.R. Martín

Fernando Pessoa

William Shakespeare

J.R.R. Tolkien

Oscar Wilde

sábado, 20 de janeiro de 2018

5 Links - # 259 >>>

Legião Urbana: Canções inéditas de Renato Russo ganham vida em 2018

Por Ana Paula Ulrich Tavares

KADU LAMBACH (EDUARDO PARANÁ), primeiro guitarrista da LEGIÃO URBANA e cofundador da banda, e Carmem Manfredini, irmã do RENATO RUSSO, estiveram em Curitiba no dia 12 de janeiro para apresentar uma série de canções do líder legionário, no Vox Bar. Bem recebido pelos fãs, o evento contou com sucessos e canções inéditas, que nunca tinham sido apresentadas ao público.

Carmem Manfredini cantou "Giz", do álbum "Descobrimento do Brasil", "Quase sem querer" (Dois) e "Summertime". Kadu, conhecido na época da Legião como EDUARDO PARANÁ, contou com convidados e apresentou vários hits e dois tesouros perdidos de RENATO RUSSO: "Vício Moderno" e "Medieval". Segundo Carmem Manfredini, "as canções foram compostas por Renato Russo ainda na década de 1970".

As músicas receberam arranjos minimalistas em voz e violão "com objetivo de destacar e priorizar as letras de RENATO RUSSO", afirmou KADU LAMBACH, que compôs as músicas para as letras do poeta de Brasília. "Vício Moderno" também contou com teclado, que imprimiu bem a atmosfera legionária.

Vale dizer que o show faz parte do projeto "Música Urbana: O início de uma Legião" que inclui livro do jornalista André Molina com mesmo título, que aborda o período em que EDUARDO PARANÁ fez parte da banda, ao lado do RENATO RUSSO, MARCELO BONFÁ e PAULO PAULISTA. A obra está sendo finalizada e aguardando editora.

As canções compõem um baú de material inédito do RENATO RUSSO guardado por EDUARDO PARANÁ. Após inúmeros pedidos de legionários e fãs de RENATO RUSSO, Kadu decidiu elaborar as canções para as letras inéditas.

Obs: Os vídeos não oficiais a seguir foram captados pelo fã Alex Gregório.

VICIO MODERNO

MEDIEVAL


(°> Fonte: WHIPLASH >>>

Trilha Sonora (297) - Wilco

Red-Eyed And Blue
Wilco
Compositor: Jeff Tweedy e
 Jeffrey Scott Tweedy
We've got solid state technology
Tapes on the floor
Some songs we can't afford to play

When we came here today
All I wanted to say was how much I miss you
Alcohol and cotton balls

And some drugs we can't afford on the way

When we came here today
We all felt something true
Now I'm red-eyed and blue
<<< Tradução da Letra >>>

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

11 Frases sobre Caráter

"Se quiser por à prova o caráter
de um homem, dê-lhe poder."
Abraham Lincoln

"As dificuldades são o aço estrutural
que entra na construção do caráter."
Carlos Drummond de Andrade

"Nosso caráter é o resultado da nossa conduta."
Aristóteles

"Sem o caráter, nada vale o espírito."
Anatole France

"Os pequenos atos de cada dia
fazem ou desfazem o caráter."
Oscar Wilde

"Ao examinarmos os erros de um
homem, conhecemos o seu caráter."
Confúcio

"A inteligência e o caráter são os
objetivos da verdadeira educação."
Martin Luther King 


"Eu não me importo com o que os outros
pensam sobre o que eu faço, mas eu
me importo muito com o que eu penso
sobre o que eu faço. Isso é caráter."
Theodore Roosevelt

"O caráter é superior ao intelecto."
Ralph Waldo Emerson

"É no silêncio que se educa o talento,
e na torrente do mundo o caráter."
Johann Wolfgang von Goethe

"Quanto mais forte é um caráter,
menos sujeito está à inconstância."
Stendhal

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Frase da Vez

“Há riqueza bastante no mundo
 para as necessidades do homem, 
mas não para a sua ambição.”
Mahatma Gandhi
(Porbandar, 2 de outubro de 1869 - Nova Déli, 30 de janeiro de 1948). 
Conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", 
"A Grande Alma"), foi o idealizador e fundador do moderno Estado 
indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, 
forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Do bem por egoísmo


Porque o Presidencialismo não deu certo

Será que o problema político do Brasil é o "povo não votar certo"? 
Bom, em parte sim, mas como votar certo em um sistema que é
 corrupto e corruptor? Veja essa explicação de Dom Luiz Phillipe
 e veja qual realmente é o problema do Brasil.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Poesia a Qualquer Hora (303) - João Cabral de Melo Neto

O Relógio

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.

João Cabral de Melo Neto

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Sutilezas Literárias # 062 - Machado de Assis

CAPÍTULO 29
O IMPERADOR

Em caminho, encontramos o Imperador, que vinha da Escola de Medicina. O ônibus em que íamos parou, como todos os veículos; os passageiros desceram à rua e tiraram o chapéu, até que o coche imperial passasse. Quando tornei ao meu lugar, trazia uma ideia fantástica, a ideia de ir ter com o Imperador, contar-lhe tudo e pedir-lhe a intervenção. Não confiaria esta ideia a Capitu. “Sua Majestade pedindo, mamãe cede”, pensei comigo.

Vi então o Imperador escutando-me, refletindo e acabando por dizer que sim, que iria falar a minha mãe; eu beijava-lhe a mão, com lágrimas. E logo me achei em casa, à esperar até que ouvi os batedores e o piquete de cavalaria; é o Imperador! é o Imperador! toda a gente chegava as janelas para vê-lo passar, mas não passava, o coche parava à nossa porta, o Imperador apeava-se e entrava. Grande alvoroço na vizinhança:

“O Imperador entrou em casa de Dona Glória! Que será? Que não será?” A nossa família saía a recebê-lo; minha mãe era a primeira que lhe beijava a mão. Então o Imperador, todo risonho, sem entrar na sala ou entrando, - não me lembra bem, os sonhos são muita vez confusos,- pedia a minha mãe que me não fizesse padre, - e ela, lisonjeada e obediente, prometia que não.

- A medicina, por que lhe não manda ensinar medicina?

- Uma vez que é do agrado de Vossa Majestade..

- Mande ensinar-lhe medicina; é uma bonita carreira, e nós temos aqui bons professores. Nunca foi à nossa Escola? É uma bela Escola. Já temos médicos de primeira ordem, que podem ombrear com os melhores de outras terras. A medicina é uma grande ciência; basta só isto de dar a saúde aos outros, conhecer as moléstias; combatê-las, vencê-las... A senhora mesma há de ter visto milagres Seu marido morreu, mas a doença era fatal, e ele não tinha cuidado em si... É uma bonita carreira: mande-o para a nossa Escola. Faça isso por mim, sim? Você quer, Bentinho?

- Mamãe querendo.

- Quero, meu filho. Sua Majestade manda.

Então o Imperador dava outra vez a mão a beijar, e saía, acompanhado de todos nós, a rua cheia de gente, as janelas atopetadas, um silêncio de assombro: o Imperador entrava no coche. inclinava-se e fazia um gesto de adeus, dizendo ainda: “A medicina, a nossa Escola.” E o coche partia entre invejas e agradecimentos.

Tudo isso vi e ouvi. Não, a imaginação de Ariosto não é mais fértil que a das crianças e dos namorados, nem a visão do impossível precisa mais que de um recanto de ônibus. Consolei-me por instantes, digamos minutos, até destruir-se o plano e voltar-me para as caras sem sonhos dos meus companheiros.

Machado de Assis, em "Dom Casmurro" - 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Vencedores Globo de Ouro 2018


Entre os vencedores, o grande destaque foi Três Anúncios Para um Crime, que levou para casa quatro Globos de Ouro, incluindo o de Melhor Filme de Drama. Guillermo del Toro e o seu A Forma da Água também foram reconhecidos nas categorias Melhor Diretor em Filme e Melhor Trilha Sonora de Filme. Mas, se Greta Gerwig não foi lembrada na categoria Melhor Diretor, seu filme, Lady Bird - É Hora de Voar, ao menos foi honrado com os prêmios de Melhor Filme de Comédia ou Musical e Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical para Saoirse Ronan.

Confira a seguir a lista de vencedores em negrito: 

TV
Melhor Ator em Série Limitada ou Filme para a TV
Robert De Niro - The Wizard of Lies
Jude Law - The Young Pope
Kyle MacLachlan - Twin Peaks
Ewan McGregor - Fargo
Geoffrey Rush - Genius

Melhor Série Limitada ou Filme para a TV
Big Little Lies
Fargo
Feud: Bette and Joan
Top of The Lake: China Girl
The Sinner


Melhor Ator Coadjuvante de TV
David Harbour - Stranger Things
Alfred Molina - Feud: Bette and Joan
Christian Slater - Mr. Robot
Alexander Skarsgard - Big Little Lies
David Thewlis - Fargo

Melhor Atriz em Série Limitada ou Filme para a TV
Jessica Biel - The Sinner
Nicole Kidman - Big Little Lies
Jessica Lange - Feud: Bette and Joan
Susan Sarandon - Feud: Bette and Joan
Reese Witherspoon - Big Little Lies

Melhor Série de Comédia ou Musical
Black-ish
The Marvelous Mrs. Maisel
Master of None
SMILF
Will & Grace

Melhor Série de Drama
The Crown
Game of Thrones
The Handmaid's Tale
Stranger Things
This is Us




Melhor Atriz de TV - Musical ou Comédia
Pamela Adlon - Better Things
Alison Brie - GLOW
Rachel Brosnahan - The Marvelous Mr. Maisel
Issa Rae - Insecure
Frankie Shaw - SMILF

Melhor Ator de TV - Musical ou Comédia
Anthony Anderson - Black-ish
Aziz Ansari - Master of None
Kevin Bacon - I Love Dick
William H. Macy - Shameless
Eric McCormack - Will and Grace

Melhor Atriz Coadjuvante de TV
Laura Dern - Big Little Lies
Ann Dowd - The Handmaid's Tale
Chrissy Metz - This is Us
Michelle Pfeiffer - The Wizard of Lies
Shailene Woodley - Big Little Lies

Melhor Ator de Série de Drama
Jason Bateman - Ozark
Sterling K. Brown - This is Us
Freddie Highmore - The Good Doctor
Bob Odenkirk - Better Call Saul
Liev Schreiber - Ray Donovan

Melhor Atriz de Série de Drama

Caitriona Balfe - Outlander
Claire Foy - The Crown
Maggie Gyllenhaal - The Deuce
Katherine Langford - 13 Reasons Why
Elizabeth Moss - The Handmaid's Tale

Cinema

Melhor Animação
O Poderoso Chefinho
The Breadwinner
Viva - A Vida é uma Festa
O Touro Ferdinando
Com Amor, Van Gogh

Melhor Filme de Drama
Me Chame Pelo Seu Nome
Dunkirk
The Post - A Guerra Secreta
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime



















Melhor Filme de Comédia ou Musical
The Disaster Artist
Corra!
O Rei do Show
Eu, Tonya
Lady Bird - É Hora de Voar




















Melhor Filme em Língua Estrangeira
Uma Mulher Fantástica
First They Killed My Father
Em Pedaços
Loveless
The Square

Melhor Ator de Filme de Drama
Timothee Chalamet - Me Chame Pelo Seu Nome
Daniel Day-Lewis - Trama Fantasma
Tom Hanks - The Post - A Guerra Secreta
Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.

Melhor Atriz de Filme de Drama
Jessica Chastain - A Grande Jogada
Sally Hawkins - A Forma da Água
Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime
Meryl Streep - The Post - A Guerra Secreta
Michelle Williams - Todo o Dinheiro do Mundo

Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical
Judi Dench - Victoria & Abdul: O Confidente da Rainha
Helen Mirren - The Leisure Seeker
Margot Robbie - Eu, Tonya
Saoirse Ronan - Lady Bird - É Hora de Voar
Emma Stone - A Guerra dos Sexos

Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical
Steve Carell - A Guerra dos Sexos
Ansel Elgort - Em Ritmo de Fuga
James Franco - The Disaster Artist
Hugh Jackman - O Rei do Show
Daniel Kaluuya - Corra!

Melhor Ator Coadjuvante em Filme

Willem Dafoe - Projeto Flórida
Armie Hammer - Me Chame Pelo Seu Nome
Richard Jenkins - A Forma da Água
Christopher Plummer - Todo o Dinheiro do Mundo
Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime

Melhor Atriz Coadjuvante em Filme
Mary J. Blige - Mudbound
Hong Chau - Pequena Grande Vida
Alison Janney - Eu, Tonya
Laurie Metcalf - Lady Bird - É Hora de Voar
Octavia Spencer - A Forma da Água

Melhor Diretor em Filme
Guillermo del Toro - A Forma da Água
Martin McDonagh - Três Anúncios Para um Crime
Christopher Nolan - Dunkirk
Ridley Scott - Todo o Dinheiro do Mundo
Steven Spielberg - The Post - A Guerra Secreta

Melhor Trilha Sonora de Filme
Carter Burwell - Três Anúncios Para um Crime
Alexandre Desplat - A Forma da Água
Johnny Greenwood - Trama Fantasma
John Williams - The Post - A Guerra Secreta
Hans Zimmer - Dunkirk

Melhor Canção Original
"Home", Nick Jonas, Justin Tranter, Nick Monson - O Touro Ferdinando
"Mighty River", Raphael Saadiq, Mary J. Blige, Taura Stinson - Mudbound
"Remember Me", Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez - Viva - A Vida é uma Festa
"The Star", Mariah Carey, Marc Shaiman - A Estrela de Belém
"This is Me", Benj Pasek, Justin Paul - O Rei do Show

Melhor Roteiro
A Forma da Água
Lady Bird - É Hora de Voar
The Post - A Guerra Secreta
Três Anúncios Para um Crime
A Grande Jogada

(º> Fonte: OMELETE >>>

Documentário: Dom Pedro II no Brasil

sábado, 6 de janeiro de 2018

Trilha Sonora (296) - Engenheiros do Hawaii

Infinita Highway
Engenheiros do Hawaii
Compositor: Humberto Gessinger

Você me faz correr demais
Os riscos desta highway
Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar

Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e isto é tudo
É sobretudo a lei
Da infinita highway

Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo desta estrada
Olhe só! Veja você
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E, à noite, eu acordava banhado em suor

Não queremos lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da infinita highway

Escute garota, o vento canta uma canção
Dessas que a gente nunca canta sem razão
Me diga, garota: Será a estrada uma prisão?
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre
Se tanta gente vive sem ter como viver

Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde quer chegar
Estamos vivos sem motivos
Que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte
Dessa highway
Silenciosa highway

Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado, posso estar correndo pro lado errado
Mas A dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
Não corra, Não morra, Não fume
Eu vejo as placas cortando o horizonte, elas parecem facas de dois gumes

Minha vida é tão confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute garota, façamos um trato
Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato
Eu posso ser um Beatle, um beatnik
Ou um bitolado
Mas eu não sou ator, eu não tô à toa do teu lado
Por isso, garota, façamos um pacto
De não usar a highway pra causar impacto

Cento e dez
Cento e vinte
Cento e sessenta
Só pra ver até quando
O motor aguenta
Na boca, em vez de um beijo
Um chiclete de menta
E a sombra do sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway

Infinita Highway