"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sábado, 30 de setembro de 2017

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Trilha Sonora (289) - Raul Seixas

O Dia em que a Terra Parou
Raul Seixas
Compositores: Raul Seixas e Claudio Roberto


Essa noite eu tive um sonho
de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
o planeta
Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém ninguém

O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar

No dia em que a Terra parou (Êêê)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou

E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar

No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Uuu)
No dia em que a Terra parou

O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar

No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Foi tudo)
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou

Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei

No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Eu acordei)
No dia em que a Terra parou (Acordei)
No dia em que a Terra parou (Justamente)
No dia em que a Terra parou (Eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (Êêêêêêêêê...)
No dia em que a Terra parou (No dia em que a terra
parou)





quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A Parada da Ilusão, por João do Rio

A Parada da Ilusão
João do Rio

Como tinha sido aquilo! Diante do espelho, a dar um laço frouxo no lenço de seda, Geraldo sorria o sorriso satisfeito e vagamente mau que têm todos os homens quando recordam uma aventura em que foram os mais espertos. Como tinha sido!... O acaso, apenas o acaso. Pobre, sem pretensões, alugara por uma ninharia aquele casinhoto do morro, bem na rua de Santa Luzia, defronte do mar. O mar é um fornecedor de energia. Contemplar as ondas, aspirar o ar infiltrado de salsugem fazia-lhe bem. Depois, acordava cedo, quase de madrugada, e como a vizinhança era quase toda de pescadores, de banhistas, de jovens dos centros de regatas, ia mesmo de camisa-de-meia, com os pés nus metidos nuns enormes tamancos, ao estabelecimento balneário. Quem o visse grosso, forte, o bigode espesso, a negra cabeleira ondeante, o braço cabeludo, não o diria jamais um estudante de medicina. Havia no seu olhar qualquer coisa dos barqueiros de Nápoles, do langor das serenatas, e na alegria do semblante, na gesticulação, o ar da raça, o ar que não falha. Basta olhar um homem para se sentir donde ele veio. Geraldo começara humilde, de origem italiana. De trabalho em trabalho fizera-se afinal acadêmico, graças à pertinácia da sua inteligência. Mas, por mais querido que fosse entre os colegas, era uma delícia para a sua alma ir arrastar as pernas pela madrugada nos corredores da casa de banhos, quase nu, a conversar em napolitano com os banhistas, os tradicionais banhistas há vinte anos os mesmos.

Era tão bom, tão bizarro! A princípio, postava-se no pátio, junto da barraca do gerente, escura de roupas em trouxas com um quadro das chaves e o bico de gás aceso. Era a chegada dos freqüentadores. Havia mulheres pálidas, mães de família acompanhadas de crianças e de criadas, verdadeiros regimentos de cloróticos; havia sujeitos de passo trôpego, reumáticos, beribéricos, talvez tísicos; havia os habituais, senhores respeitáveis, burgueses de ar solene, que tomavam banho de mar desde crianças, aconselhando para todas as moléstias um mergulho no salso elemento; e sujeitos que vinham especialmente para a pândega, as lições de natação, os namoros com apertões debaixo da água, as meninas assanhadas, as cocottes, as cocottes de uma palidez mortal àquela hora... e havia também muita mulher chic, muita mulher de estalo, que os mirones da praia até olhavam de binóculo.

Mas Geraldo não tinha pretensões a conquistas, e aquele espreguiçamento na casa de banhos era apenas uma tonificação para o estudo, que recomeçava horas mais tarde, com o curso dos hospitais, as aulas, os livros. Depois de descansar na gerência ia trocar palavras com os banhistas, rindo, brincando. Afinal atirava-se à água, no meio da algazarra dos conquistadores e das pequenas, e sempre tímido, só metido a gente do serviço. Ninguém o tomaria por um estudante e o próprio pessoal da casa tratava-o familiarmente por tu.

Uma vez, estava no corredor estreito e escuro a conversar com Nicolau, quando mesmo ao pé abriu-se a porta a um dos quartinhos e uma linda criatura loira chamou:

- O senhor banhista, venha cá.

Nicolau adiantou-se.

- Não, o outro. Sim, você mesmo.

Geraldo sorriu enleado. Tomavam-no por banhista! Ele, um estudante, um acadêmico! Mas, ao mesmo tempo que o fato o humilhava um pouco, sentia um desejo imprevisto e romântico de se deixar passar por banhista e ter assim a sua primeira façanha de estudante. Os estudantes são todos levados da breca! Apertou o braço do Nicolau, disse-lhe em calão de Nápoles que o deixasse, e aproximou-se. A dama loira estava já vestida para o banho.

- Não quero mais aquele banhista velho. Há cinco dias que tomo banho e logo no primeiro pedi-lhe conservar-se o quarto seco. Não há meio. Veja só. Fica você. Quer?

Geraldo curvava-se, sem uma palavra. A dama loira abriu a bolsa de prata, tirou uma nota.

- Tome. Não quer receber? Ora esta! Receba. Para esquentar. Ande lá.

- Grazzie, signorina...

- Diga: é italiano?

- lo sono venuto da Napoli fa tre anni...

- Ah! bem. E quantos anos tem de idade?

- Vinte e due.

A dama loura olhou-o profundamente, teve um leve suspiro, e ainda indagou:

- Como se chama?

- Túlio.

- Venha dar-me banho.

Infinitamente alegre com a aventura, Geraldo seguiu para o oceano a dar banho na dama loura, e quando voltou estava a arrebentar de riso. Não é que a mulherzinha o tomava mesmo por banhista? Entretanto, o imprevisto do caso acendia-lhe o desejo de continuar. Sim, continuaria. E falou ao dono da casa de banhos. O homem, um italiano velho, não gostava de patifarias no estabelecimento. Mas, como era ele, Geraldo, consentia. Os outros riam a perder, um pouco envaidecidos porque, afinal, um estudante era tal qual eles. E Geraldo, que não dissera a coisa na escola por um certo pudor, não faltou mais. Logo cedo lá estava no estabelecimento, de pés nus, calção de meia, camisa aberta. A dama loura chegava sempre às seis e meia.

- Então, Túlio, o meu quarto?

- Pronto patroa, prontinho.

No fim do quinto dia ele fazia tão bem o papel de banhista de opereta, que ela lhe disse o nome. Era Alda Pereira, brasileira, do sul, tinha vinte e sete anos, e um protetor sério, o senador Eleutério, que a tomara depois da separação do marido. Dizia essas coisas naturalmente, aprendendo a nadar.

- Ai! não me afogues, rapaz. Morrer aos vinte e sete anos...

Ou então:

- Palavra de rio-grandense e de Alda Pereira que aprender a nadar custa!

Ele sorria queria levá-la para longe.

- Não, que o senador Eleutério pode saber; e eu, meu filho, depois que me separei do meu marido, tenho muito medo do ciúme...

Uma suave intimidade brotava aos poucos daquela hora de banho.

Ele procurava termos vulgares, copiava o rir dos outros, dizia coisas grossas com um ar ingênuo, o seu tom de analfabeto, e ela parecia ter cada dia mais confiança. Já se encostava ao seu ombro, já lhe agarrava o pulso potente de certo modo. Uma vez perguntou-lhe:

- Você, um rapaz inteligente, por que não muda de vida?

- Para que, signorina? Aqui vivo, aqui hei de morrer...

- Criança! E não tem aspirações?

- Não, signorina!

- Aposto que nem sabe ler?

Ele parou um instante atônito. Estaria ela a brincar, já sabedora de tudo? Seria o caso de avançar e não gozar mais o prazer de ser conquistado. Mas Alda tinha uma expressão de tão velutínea piedade, que não hesitou na farsa.

- É verdade. Nem sei ler.

- Meu Deus! Um rapaz de vinte e dois anos que não sabe ler!

Os seus olhos nesse dia tomaram-se mais úmidos, e ao rebentar de uni onda na ponte ela se deixou positivamente cair no seu largo peito. Não tinha dúvida! A mulher amava-o como certas damas amam os impetuosos adolescentes das classes baixas; a criatura era uma nevrosada romântica. Decididamente estava de sorte.

No dia seguinte, à saída, Alda Pereira indagou:

- Ô Túlio, quereria você aprender a ler?

- A signorina paga o professor?

- Ensino eu mesma.

- Então quero. Onde?

- Vá à minha casa. Logo, à noite, às sete; é a melhor hora.

Ele arranjara um dólmã de brim, um capote comprido; comprara o lenço de seda e um chapéu desabado para aparecer com a cor local. E fora. A dama loura habitava, numa rua transversal à Lapa, uma casa elegante e discreta, com duas criadas apenas. Fizeram-no entrar para uma saleta de estilo moderno, em que os móveis eram incômodos e as paredes tinham mulheres de túnica soprando trombetas. Alda lá estava.

- Entre, Túlio. Nada de acanhamentos. Francine, deixa a porta aberta... Sabe que já lhe comprei o seu livro? Sente-se, menino, sente-se...

Evidentemente, ela estava comovida, com um riso nervoso, as faces coradas. Ele achava aquilo deliciosamente ridículo. Outro qualquer teria avançado; a sua natural timidez, a pretensão de levar a cabo uma fantasia inibiam-no de um movimento de ataque. E parecia-lhe o cúmulo aprender o alfabeto ensinado por aquela interessante mulher, tal qual nos vaudevilles franceses, numa cena de burla. Sentou-se. Ela mostrou-lhe o livro na mesa aproximando a cadeira do outro lado. E começou a ensinar, com a voz molhada de mistério.

- Que letra é esta?

Geraldo fazia-se inteiramente bronco, curvava-se muito para sentir os loiros cabelos dela roçando-lhe ao de leve a fronte. As vezes as mãos se encontravam. As dela estavam geladas. As dele eram de brasa. Ao fim de uma hora, ela disse num suspiro:

- Bom, vai embora.

Ele quase não podia falar. Curvou-se mais, respirando forte, e ia tocá-la. quando ela chamou:

- Francine, acompanha o Túlio até a porta...

Como saiu ele furioso! A sua vontade foi declarar a verdadeira posição. tomar uma atitude. Mas, para quê? Não teria realizado nada! Não a gozaria! Era uma aventura falha. Nunca! Tivesse que estudar o alfabeto a vida inteira - aquela, ao menos, não lhe escaparia. E, desde a madrugada, foi esperá-la na casa de banhos, apaixonado. Sim, de fato, apaixonado. Ele não estava senão apaixonado. A paixão é quase sempre o desejo de um triunfo, que se imagina de um certo e determinado modo. Há sempre um vencedor na alma de um amante. Ele queria pregar uma peça. Que peça? Enfim, queria confundir a linda mulher de estranha vontade. E Alda Pereira parecia também amá-lo, porque apareceu de olheiras, com um ar fatigado.

- Sabe que estudei? fez ele, olhando-a fixo.

- Palavra?

- Quer tomar a lição hoje?

- Não, amanhã...

Ele se preparou, e foi. Já sabia o alfabeto. Alda Pereira sorria, enlevada.

- Mas como é inteligente! Vamos a soletrar. Olhe que você pode dar orgulho a um professor.

A aula ia continuar. Ela tinha a cabeça curvada, mostrando a nuca nua. Ele estava encostado à mesa, com aquele tom vulgar e potente, que o seu físico ajudava. A luz era tênue. Geraldo moveu apenas a cabeça e roçou o bigode no pescoço venusto. Ela estremeceu, estendeu as mãos e suspirou como uma rola.

- Ah! Túlio...

Ele firmou os lábios polpudos e apertou-lhe as mãos. Ela se debateu, voltou a cabeça e a sua boca purpurina, ansiosa e ávida, sugou o lábio de Geraldo. Nem uma palavra. Estavam num outro mundo. Ele caiu de joelhos, ela pendeu, rolaram os dois. Era frenética e deliciosa. Deliciosamente deliciosa. A própria paixão a vibrar. E Geraldo voltou ao casinhoto, Outro homem, aturdido, sem compreender o que via, a lembrar-se dos seus abraços e das palavras suas:

- Túlio! Túlio! não digas a ninguém! É a minha vida! Lembra-te do que fiz por ti. Só o amor, muito amor...

A vida de delírio começou então. Ela entregava-se e sentia-o como um imenso acorde do seu próprio ser. Cada beijo era uma revelação, cada abraço a dissolução de um mundo. E a necessidade de ocultar de olhares profanos aquele sentimento ainda mais os incendiava. No banho, ela estudava o momento de apertá-lo, de mordê-lo, esperava com a porta do quarto entreaberta para um beijo; em casa, as lições de leitura eram a leitura de Paulo e Francesca, no verso de Dante. Jamais, porém, ela mostrava desconfiar da sua verdadeira situação, e Geraldo, sentindo-se indigno de si mesmo, continuava a ser o banhista Túlio, sem forças para dizer a verdade.

Afinal, o senador Eleutério soubera do caso, e, mais pai do que amante, resolvera mandar Alda à Europa, a ver se o escândalo terminava. Alda chorava, queria viver sem roupas, em Santa Luzia, com o seu Túlio, e fora um verdadeiro trabalho o convencê-la de uma breve separação.

- Tu queres, Túlio?

- É para teu bem.

- Queres mesmo? É o nosso amor que matas...

Eleutério comprara as passagens combinara tudo. Era no dia seguinte que Alda partiria. Geraldo, preparando-se para a última visita, relembrava aqueles dois meses loucos de romantismo. Como aquilo fora! Era lá possível prever? Antes, porém, da partida era preciso dizer-lhe a verdade. Ele ia para o último ato.

Então penteou o cabelo como os banhistas, com muita brilhantina, pôs o chapéu e o capote, consertou ainda uma vez o lenço de seda e partiu. Alda estava na mesma sala da primeira vez, muito abatida. Estendeu-lhe as mãos e a boca.

- Meu amor... A última vez!

E deixou-se cair.

- Alda, que é isso? ânimo...

- Lembras-te? Há dois meses!... Quanto amor! Quando te vi, desde que te vi, meu amor, amei-te. Que me importava que tu fosses banhista? Se era a tua carne, o teu corpo, os teus olhos que eu desejava, meu adivinhado querido... Nunca, nunca mais sentirei o que senti por ti, no mar, quando te tinha a meu lado, forte, meu, fiel... Dize!... Nenhuma outra será como eu. Pois não?

- Mas, Alda...

- Aquela casa vão tantas mulheres! E tu tens que servir a todas, tens que as segurar, tens que as salvar...

Geraldo viu que era o momento.

- Alda, tenho que te dizer...

- Não digas! não digas nada!

- Não, há um engano; um engano que não pode continuar.

- Não há, Túlio, não há!...

- Há.

- Pois deixa-o!

- Não. Tu pensas que eu sou o banhista Túlio, nascido em Nápoles.

- E não és? Es sim, és o meu Túlio.

- Criança! Eu sou estudante de medicina, chamo-me Geraldo Pietri.

Mas, como Alda recuava, com a fisionomia demudada, Geraldo teve um resto de piedade.

- Sim, Geraldo, estudante, que se fez passar por banhista para te amar...

Um silêncio tombou. Alda sentara-se. Depois, como Geraldo se aproximasse, sorriu, afastando-o.

- Não, senta-te. Ou vai-te. É melhor ires. Vai-te.

- Mas a nossa última noite?

- Vai-te.

- Zangaste-te?

- Não, pensei que tinhas mais espírito. Não tens. Eu sabia, ouviste? eu sabia desde o primeiro dia, quem eras tu. Se não soubesse, teria perguntado por ti e dar-me-iam informações. Eu sabia. O meu amor nasceu de uma brincadeira. Tudo na vida é ilusão e só a ilusão é verdadeira. A verdade é a mentira porque é o comum e o vulgar. Amei-te, querendo fazer desse sentimento uma parada de gozo superfino em que ambos nos esforçássemos por dar a cada um a ilusão. Nunca se desengana uma mulher porque não se mata a ilusão. Eu amava um ser idealizado, que seria chocante se fosse verdadeiro, um banhista imprevisto, um selvagem, filho do mar e das canções, em ti que o fingias bem. Tu mataste Túlio. Que me importa a mim o estudante Geraldo? Já nem parto. Não é preciso. Adeus! E nunca, ingênuo rapaz, queiras ser verdadeiro nas coisas do sentimento que ama a ilusão.

Geraldo, nervoso, sem saber o que fazer do seu chapéu calabrês, sentia a lamentável, uma curiosa e lamentável sensação de que retomava o seu eu; um eu vulgar e comum. Alda fez-lhe ainda um vago gesto. Na rua, outra vez, envergonhado, furioso, triste, o pobre rapaz deitou quase a correr, com o receio de que o conhecessem ainda mal vindo da parada romântica. E só no quarto humilde é que pôde chorar, chorar longamente não ter sabido guardar integralmente o princípio da vida - a ilusão...

(º> Via: Biblio >>>

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Frase para a Semana

“Nostalgia é saudade do
 que vivi, melancolia é 
saudade do que não vivi.”
Carlos Heitor Cony
(Rio de Janeiro, 14 de março de 1926) 
É um jornalista e escritor brasileiro.
É editorialista da Folha de S. Paulo e membro da
Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2000.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Poesia a Qualquer Hora (295) - Calderón de la Barca

A Noite

Esses lúcidos rasgos, essas velas
que cobram com âmagos superiores
alimentos do sol em resplendores,
aquilo vivem que se sofre delas.

Flores noturnas são: embora belas,
efêmeras, padecem seus ardores;
pois, se um dia é o século das flores,
uma noite é a idade das estrelas.

Dessa, pois, primavera fugitiva
já nosso mal, já nosso bem decorre;
registro é nosso, ou morra o sol ou viva.

Que duração, na senda que percorre
o homem, ou que mudança não deriva
de astro que a cada noite nasce e morre?

Calderón de la Barca
[ Saiba + ]

(Tradução de: Fernando Mendes

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Tese x Antítese x Paradoxo

 Tese é um assunto, um tema, uma proposição que se apresenta para ser discutida e defendida por alguém, com base em determinadas hipóteses ou pressupostos; Antítese é uma figura de linguagem que apresenta palavras de sentido opostos; Paradoxo é uma proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano
Tese
Tese é um assunto, um tema, um objeto. É uma proposição que se apresenta para ser discutida e defendida por alguém, com base em determinadas hipóteses ou pressupostos. Do grego “thesis” que significa “proposição”.

A expressão “em tese” significa “de modo geral”, “de acordo com o que se supõe”, “em princípio”, “em teoria”.

Tese de doutorado
Tese de doutorado é um trabalho acadêmico formulado nas escolas superiores para ser defendido em público, para um grupo de doutores, como condição para obtenção do título de doutorado.

A tese acadêmica é uma abordagem de um único tema, resultado de pesquisa na área em que se situa, elaborada seguindo metodologia específica.

A pesquisa para a tese acadêmica pode ser teórica, de campo, documental, experimental, histórica ou filosófica. Deve colocar e solucionar um problema demonstrando hipóteses formuladas em evidências de fatos sempre obedecendo a um raciocínio lógico.

A tese de doutorado deve apresentar um progresso para a área científica em que está situada. “Tese” é a publicação de trabalho acadêmico.

Antítese
Antítese é uma figura de linguagem caracterizada pela apresentação de palavras de sentidos opostos.

A palavra antítese tem origem no termo grego antithesis, que significa resistência ou oposição. Por esse motivo, a antítese (que também é uma figura de pensamento) consiste na contraposição de conceitos, palavras ou objetos distintos.

A antítese é usada no âmbito da literatura mas também das artes plásticas. Esta figura de linguagem é mais comum em línguas como latim e grego, onde a aglutinação de palavras ajuda na comparação de características, fazendo sobressair a realidade.

Durante o Renascimento, nas artes plásticas era preponderante a lei da simetria, que evoluiu para a dinâmica do contraste do Barroco. A utilização do contraste impetuoso da luz e da sombra é conhecido como um processo antitético.

A utilização de duas palavras opostas na mesma frase é conhecida como antítese, como podemos verificar nos seguinte exemplos: "Viver e morrer são as coisas mais naturais do mundo". / "A alegria e a tristeza fazem parte do meu trabalho".


Paradoxo
Paradoxo é o oposto do que alguém pensa ser a verdade ou o contrário a uma opinião admitida como válida. Um paradoxo consiste em uma ideia incrível, contrária do que se espera. Também pode representar a ausência de nexo ou lógica.

Paradoxo vem do latim (paradoxum) e do grego (paradoxos). O prefixo “para” quer dizer contrário a, ou oposto de, e o sufixo “doxa” quer dizer opinião. O paradoxo muitas vezes depende de uma suposição da linguagem falada, visual ou matemática, porque modela a realidade descrita.

É portanto uma ideia lógica que transmite uma mensagem que contradiz a sua estrutura. O paradoxo expõe palavras que apesar de possuírem significados diferentes estão relacionados no mesmo texto, por exemplo "Quando mais damos, mais recebemos", "O riso é uma coisa séria", "O melhor improviso é aquele que é melhor preparado", "A sua escuridão iluminou a minha vida". / "A solidão é a minha melhor companhia".

A identificação de paradoxos tem auxiliado o progresso da ciência, matemática e da filosofia. Na filosofia, paradoxo é um termo consagrado pelos filósofos estoicos para designar o que é aparentemente contraditório, mas que, apesar de tudo, tem sentido.

Os paradoxos ditos verídicos produzem um resultado absurdo embora seja demonstrado como verdadeiro. Os paradoxos falsídicos mostram um resultado que parece falso como também é falsa a demonstração. - Todos os cavalos são da mesma cor. Num conjunto onde existe um único cavalo, todos os cavalos são da mesma cor.

Um paradoxo, que não é verídico nem falsídico pertence à classe da antinomia, que é uma declaração que chega a um resultado auto-contraditório, aplicando meios de raciocínio aceitáveis.

Antítese e paradoxo
Muitas pessoas confundem a antítese com o paradoxo, que são duas figuras de pensamento. A diferença é que enquanto a antítese revela palavras que têm sentidos opostos, o paradoxo indica uma contradição de ideias que se encontra em uma só frase ou pensamento. O paradoxo remete para uma contraposição mais profunda de certos conceitos, expressando ideias que são incompatíveis e por vezes inconcebíveis à compreensão intelectual.

(°> Fonte: Significados >>>

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Frase para a Semana

"O maior erro que você
pode cometer, é o de ficar 
o tempo todo com medo
de cometer algum."
Elbert Hubbard
(Bloomington - EUA, 19 de junho de 1856 - Irlanda, 7 de maio de 1915) 
Foi um filósofo e escritor norte-americano.

sábado, 16 de setembro de 2017

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Trilha Sonora (288) - Simon & Garfunkel

The Boxer
Simon & Garfunkel
Compositor: Paul Simon

I am just a poor boy
Though my stories seldom told
I have squandered my existence
For a pocket full of mumbles such are promises
All lies and jests, still a man hears
What he wants to ear
And disregards the rest

When I left my home and my family
I was no more than a boy
In the company of strangers
In the quiet of the railwaystation running scared
Laying low, seeking aout the poorer quarters
Where the ragged people go
Looking for the places
Only they would know

Lie la lie

Asking only workmans wages
I come looking for a job but I get no offers
Just a come on from the whores
On 7th avenue
I do declare
There were times when I was so lonesome
I took some comfort there
La la lie lie lie lie lie

Lie-la-lie

Now I'm laying out my winter clothes
And wishing I was gone going home
Where the new york city winters
Aren't bleeding me
Leading me, going home

In the clearing stands a boxer
And a fighter by his trade
And he carrys the reminders
Of every glove that layed him down
Or cut him till he cried out
In his anger and his shame
"I am leaving I am leaving"
But the fighter still remains

Lie-la-lie