"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Poesia a Qualquer Hora (205) - Ondjaki

Quando eu fui chão para lágrimaterrizagem

de tanta, risada
a hiena ganhou vício
de lacrimealeijar.

porque um dia
exercitei-me de raiz,
compus-me de lamas.
a hiena passante,
desconhecendo.

e, quando parante, irrisonha.
(mas: para testemunhá-la
há que ser existido anedoticamente.)
enraizado para espreitações
— sub-hienado —
vitimizei-me de suas goticulares esferas,
íris desfalecendo humidades.
na provação, soube-me:

de tanto risar tanto
a hiena lacrimealeija é sementes,
sementes para flores salinas.

Ondjaki (Ndalu de Almeida)
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quinta-feira, 30 de julho de 2015

15 anos da Primeira Vitória de Barrichello na Fórmula 1

Há exatos 15 anos, Rubens Barrichello conquistava a primeira vitória
na Fórmula 1. Pilotando a Ferrari, ele venceu o GP da Alemanha no 
circuito de Hockenheim em 30 de julho de 2000, embaixo de chuva e
depois de ter largado em 18º. Pra quem acompanha a F-1,
 foi uma corrida inesquecível.O pódio foi completado com 
 Mika Hakkinen e David Coulthard, ambos da McLaren.
Fazia 7 anos que um brasileiro não vencia na categoria, 
o último, tinha sido Ayrton Senna, em 1993.
Números de Barrichello
- 2 vezes vice-campeão (2002 e 2004)
- 326 GPs disputados - 323 largadas
- 68 Pódios
- 11 Vitórias
- 29 vezes em segundo lugar
- 28 vezes em terceiro lugar
- 14 Pole positions
- 17 Voltas mais rápidas
- 658 pontos
- 16631 voltas
- 854 voltas na liderança

Equipes:
Jordan (1993 a 1996), Stewart (1997 a 1999), Ferrari (2000 a 2005),
 Honda (2006 a 2008), Brawn GP (2009), Williams (2010 e 2011)

Atualmente Barrichello corre na Stock car Brasil 
onde foi campeão no ano passado.

Eu, Cidadão, de Walcyr Carrasco

Eu, Cidadão
Walcyr Carrasco

"Como bom cidadão, decidi racionar meus gastos com energia elétrica. Chamei a empregada:

— Você está proibida de tomar banho aqui em casa.

— Mas o senhor quer que eu vá embora suja?

— Quando for para casa, você vai ter de pegar um

ônibus lotado. O primeiro banho terá sido inútil, pois terá de tomar outro ao chegar. Economize!
Ela me olhou raivosamente. Com certeza não economizou pensamentos!
Lembrei-me dos conselhos de um avô, segundo os quais banhos frios ajudam a manter a pele elástica. Abri o chuveiro.
Ai, que frio! Saí pelo banheiro saltitando como uma rã.
Conversei com meu personal trainer. A esteira gasta, muito energia.

— Você substitui eliminando o elevador.

Moro no 122 andar. Quando cheguei ao terceiro, minhas pernas latejavam. No quarto, eu me agarrava nas paredes como uma lagartixa. No sexto, bati na porta da vizinha, pedindo socorro. As panturrilhas duras recusavam-se a dar sequer um passo! De qualquer maneira, funcionou. Com as pernas em chamas, nem penso em voltar à esteira!

O microondas está criando teias de aranha.

Ultimamente só comia refeições dietéticas adquiridas em supermercados. Entretanto, já que é para usar o fogão a gás... vamos à luta! Chafurdei em salsichas com mostarda. Fiz um bolo de cenoura com calda de chocolate. Ganhei dois quilos, mas sem peso na consciência. Tudo pelo racionamento!

Luz, só para ler. Outro dia recebi visitas no escuro.

— Assim não consigo enxergar o seu rosto — reclamou uma amiga.

— Vamos nos contentar com uma conversa agradável, sem olhar um para o outro — retruquei.

Não ofereci café, pois minha cafeteira é elétrica. Sugeri:

— Aceita um refrigerante morno?

A visita demorou quinze minutos.

Aposentei um antigo e heróico freezer. Era meu orgulho.

Tem bem uns dezessete anos. Aparelhos velhos gastam mais.

— A gente podia criar abelhas dentro dele — propôs o caseiro da chácara. . .

Para tudo há um novo uso: Não seria o impulso para me transformar em um grande produtor de mel? Botamos o freezer encostado na cerca, certos de que abelhas pertencentes a algum movimento das sem colmeia se instalassem. Dois dias depois, ouvimos um barulhinho.

— Não disse que elas vinham? — comemorou o caseiro.

Fomos espiar cautelosamente. Dependurado nas grades havia um bando de... morcegos! Fugimos.

Na chácara há uma piscina. Proibi a limpeza.

— Como o senhor vai nadar?

-— Não vou, neste frio.

A água começa a esverdear. Tento agora descobrir como evitar a dengue. Só temos um problema: o cortador de grama.

— Se eu não cortar, isso aqui vira mato.

Resolvi comprar uma ovelha. Nada mais útil. Poderia pastar e ainda fornecer nutritivos litros de leite. E lã, caso eu encontrasse alguém capaz de fiar e tecer. Foi difícil. Tive de ir até perto de São Roque, onde consegui uma linda e econômica ovelhinha. Mal cheguei, o cachorro rosnou.

— E cão de caça, ele vai querer comer a ovelha.

Não deu outra. O caseiro passou dias de pavor tentando impedir os instintos selvagens do cão. A ovelhinha tremia, e nada de comer a grama! Para sobreviver, teve de dormir presa na cama do caseiro. Está sendo devolvida. Foi um prejuízo, que espero recuperar na conta de luz!

Parei de ouvir música. Para me distrair, canto em voz alta. Assim, além de evitar o meu consumo, evito o dos vizinhos. Ouvi falar em um abaixo-assinado, mas nada ainda chegou até mim.

Já ouvi um zunzunzum falando em camisa-de-força.

Nem sempre uma atitude cívica é bem compreendida. O bom cidadão é, antes de tudo, um mártir! "

Esta crônica foi publicado no livro "Pequenos Delitos"- 2004 - Editora Best Seller

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Quadro Final de Medalhas do PAN de Toronto 2015

-O Brasil terminou na 3.ª colocação no Pan-americano 2015.
- Abaixo, o quadro de medalhas com os 19 países melhores colocados.
- Veja também as medalhas do Brasil em cada modalidade esportiva. 
-E, o quadro de medalhas do Brasil em todos
 os jogos pan-americanos, desde 1951.
 

Frase para a Semana

"A paciência é a fortaleza 
do débil e a impaciência, 
a debilidade do forte."
Immanuel Kant
(Königsberg, 22 de abril de 1724 - Königsberg, 12 de fevereiro de 1804)
Foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande
 filósofo dos princípios da era moderna. O livro mais lido e mais influente 
de Kant é a "Crítica da Razão Pura" (1781)

sábado, 25 de julho de 2015

5 Links - # 137 >>>

25 de Julho - Dia Nacional do Escritor

Hoje, 25 de Julho, comemora-se o Dia Nacional do Escritor. O surgimento
da data se deu a partir da década de 60, através de João Peregrino 
Júnior e Jorge Amado, quando realizaram o 1º Festival do Escritor Brasileiro, 
organizado pela União Brasileira de Escritores, em que, os dois eram
 presidente e vice-presidente, respectivamente. Fonte: Brasil Escola>>>

"Vocês que são os responsáveis por nos fazer pensar, repensar ou
 até mudar de ideias. Que nos fazem rir, chorar, emocionar,
 vivenciar, viver, conhecer lugares, costumes e outras culturas,
 em cada história por vós escritas e contadas."
PARABÉNS a TODOS os ESCRITORES do BRASIL! ! !

Trilha Sonora (200) - Arnaldo Antunes

Volte para o seu Lar
Arnaldo Antunes
Aqui nesta casa
Ninguém quer a sua boa educação
Nos dias que tem comida
Comemos comida com a mão
E quando a polícia, doença, 
distância ou alguma discussão
Nos separam de um irmão
Sentimos que nunca acaba
De caber mais dor no coração
Mas não choramos à toa
Não choramos à toa

Aqui nessa tribo 
Ninguém quer a sua catequisação
Falamos a sua língua
Mas não entendemos o seu sermão
Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão
Mas não sorrimos à toa
Não sorrimos à toa

Aqui nesse barco
Ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectivas
Mas o vento nos dá a direção
A vida é que vai à deriva
É a nossa condução
Mas não seguimos à toa
Não seguimos à toa

Volte para o seu lar
Volte para lá

Volte para o seu lar
Volte para lá

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Poesia a Qualquer Hora (204) - Daniel Faria

Caminho sem pés e sem sonhos

Caminho sem pés e sem sonhos 
só com a respiração e a cadência 
da muda passagem dos sopros 
caminho como um remo que se afunda. 

os redemoinhos sorvem as nuvens e os peixes 
para que a elevação e a profundidade se conjuguem. 
avanço sem jugo e ando longe 

de caminhar sobre as águas do céu.

Daniel Faria

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Cena de Cinema # 184 - Johnny & June

(Johnny & June - 2005) +

Imagens da Vez: Telas de Ranchinho

5 telas do artista popular Ranchinho





Sebastião Theodoro Paulino da Silva, mais conhecido como Ranchinho, é um dos mais importantes e celebrados pintores populares que o Brasil já teve. Ele nasceu no dia 7 de janeiro de 1923 no município de Óscar Bressane, SP. Ranchinho era filho de bóias-frias e mudou-se com a família para Assis após a morte do pai em 1925. Deficiente mental desde a infância, não falava nem ouvia direito, engatinhou até os quatro anos de idade e, quando começou a andar, o fez de maneira desajeitada.

Ranchinho fez mais de 2.000 obras entre guaches, desenhos, acrílicos e óleos. Ele expôs pela primeira vez três de seus trabalhos na 1.ª exposição de Artes Plásticas de Assis em 1971, quando recebeu Menção Honrosa. Participou de outras exposições individuais e coletivas de grande importância, como Bienal de São Paulo de 1976.

Ele faleceu no dia 2 de fevereiro de 2003 na cidade onde viveu a maior parte de sua vida, Assis, interior de São Paulo.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Personagem da Vez: Thiago Pereira


Frase para a Semana

"É fazendo que se aprende 
a fazer aquilo que se deve 
aprender a fazer."
Aristóteles
 (Estagira, 384 a.C. - Atenas, 322 a.C.).
Foi um filósofo grego, aluno de Platão. Seus escritos 
abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, 
as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, 
o governo, a ética, a biologia e a zoologia.

domingo, 19 de julho de 2015

Rubem Fonseca é o vencedor do Prêmio Literário 'Machado de Assis' 2015

A Academia Brasileira de Letras entregou no dia 16 de julho, quinta-feira, seus prêmios literários de 2015 (para obras publicadas em 2014). O vencedor do Prêmio Machado de Assis (pelo conjunto de obras), foi o escritor mineiro, radicado no Rio de Janeiro, Rubem Fonseca. Os prêmios (de R$ 100 mil para o Machado de Assis e de R$ 50 mil para os demais) e os diplomas foram entregues em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O orador oficial da cerimônia foi o Acadêmico e embaixador Alberto da Costa e Silva.

Os vencedores das demais categorias foram:

Ensaio, Crítica e História Literária – Roberto Acízelo de Souza, pelo livro "Do mito das musas à razão das letras".

Tradução – Denise Bottman, "Aguapés" (original Lowland, da americana de origem bengalesa Jhumpa Lahiri).

Literatura infanto-juvenil – Nelson Cruz, "O livro do acaso".

Ficção – Ana Miranda,"Musa praguejadora – a vida de Gregório de Matos".

História e Ciências Sociais – Bolívar Lamounier, "Tribunos, profetas e sacerdotes – intelectuais e ideologias no século XX".

Cinema – Mauro Lima e Antonia Pellegrino, roteiristas do filme "Tim Maia".

Na oportunidade, a ABL também entregou as Medalhas João Ribeiro à ensaísta, pesquisadora, crítica literária, autora de literatura juvenil e professora universitária Marisa Lajolo e ao professor e ocupante da Cadeira 31 da Academia Paulista de Educação, Luiz Gonzaga Bertelli.


Os últimos 20 ganhadores do Prêmio:
1996 – Carlos Heitor Cony
1997 – José J. Veiga
1998 – Joel Silveira
1999 – Fernando Sabino
2000 – Antônio Torres
2001 – Ana Maria Machado
2002 - Wilson Martins
2003 - Antonio Carlos Villaça
2004 - Francisco de Assis Brasil
2005 - Ferreira Gullar
2006 - César Leal
2007 - Roberto Cavalcanti de Albuquerque
2008 - Autran Dourado
2009 - Salim Miguel
2010 - Benedito Nunes
2011 - Carlos Guilherme Mota
2012 - Dalton Trevisan
2013 - Silviano Santiago
2014 - Vamireh Chacon
2015 - Rubem Fonseca

Liberdade, liberdade !

)(> Hoje, 19 de Julho de 2015, um ano da morte de Rubem Alves :::

136 - Palavras da Bíblia...

... Glória a Deus !

sábado, 18 de julho de 2015

5 Links - # 136 >>>

11 Músicas - The Doors

The Doors foi uma banda de rock psicodélico norte-americana formada em 1965 em Los Angeles, na Califórnia. O grupo era composto por Jim Morrison (voz), Ray Manzarek (teclados), Robby Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria). A banda recebeu influências de diferentes estilos musicais, como o country e folk.


Após a dissolução da banda no início da década de 1970, e especialmente desde a morte de Morrison em 1971, o interesse nas músicas dos Doors se manteve elevado, ultrapassando mesmo, por vezes, o que o grupo teve enquanto esteve ativo. Em todo o mundo, os seus discos já venderam mais de 80 milhões de cópias.


The Doors lançou nove álbuns de estúdio, sendo três destes após a morte de Jim Morrison. Além destes, a banda possui inúmeros singles, compilações e apresentações ao vivo

Jim Morrison, com a sua atitude e presença em palco, influenciou vocalistas de vários estilos que surgiram depois de si, permanecendo um dos mais populares e influentes vocalistas e compositores da história do rock, enquanto que o catálogo dos Doors tornou-se presença habitual nos programas de rock clássico das rádios. 
Em 1991 Oliver Stone dirige "The Doors - O Filme", com Val Kilmer no papel de Morrison, em excelente interpretação.    °°° Fonte: Wikipédia >>>

Abaixo, minhas 11 canções preferidas dos Doors

11) L.A Woman
Jim Morrison


10) Love Street
Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger

09) Love me Two Times
Robby Krieger

08) Touch Me
Robby Krieger

07) Break On Through (To The Other Side)
Jim Morrison

06) The End
Jim Morrison

05) Roadhouse Blues
Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger

04) Ligth My Fire
Robby Krieger

03) Hello I Love You
Jim Morrison e Robby Krieger

02) Riders on the Storm
Jim Morrison, John Densmore, Ray Manzarek e Robby Krieger

01) People Are Strange
Jim Morrison e Robby Krieger

Talvez não, necessariamente nesta ordem.
"Se exponha aos seus medos mais profundos, depois disso o 
medo não tem poder, ele encolhe e desaparece. Você é livre."

"O futuro é incerto e o fim está sempre perto!"
Jim Morrison

"... Into this house we're born
Into this world we're thrown
Like a dog without a bone
An actor out alone

Riders on  the Storm ..."

"... Nesta casa fomos criados
Neste mundo fomos jogados
Como um cão sem um osso
Um ator atuando sozinho

Viajantes na tempestade ..."

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Poesia a Qualquer Hora (203) - William Ernest Henley

Invicto

Da noite escura que me cobre,
Como uma cova de lado a lado,
Agradeço a todos os deuses
A minha alma invencível.

Nas garras ardis das circunstâncias,
Não titubeei e sequer chorei.
Sob os golpes do infortúnio
Minha cabeça sangra, ainda erguida.

Além deste vale de ira e lágrimas,
Assoma-se o horror das sombras,
E apesar dos anos ameaçadores,
Encontram-me sempre destemido.

Não importa quão estreita a passagem,
Quantas punições ainda sofrerei,
Sou o senhor do meu destino,
E o condutor da minha alma.

William Ernest Henley
[ Saiba + ]
(Tradução do poema: Thereza Christina Rocque da Motta)

Obs.: Este poema inspirou Nelson Mandela na prisão. Ele encontrou nas
 palavras de Henley a esperança e a força necessárias para manter-se vivo.